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terça-feira

CALÇADO

Na antiguidade, havia apenas dois tipos de calçados: sandálias e sapatos. As sandálias eram bem simples, e bastante semelhantes às que usamos hoje em dia. Consistia de uma sola feita de um material resistente como casca de palmeira ou caniço, provida de tiras de couro que se amarravam ao pé. Vez por outra, as pessoas usavam meias, mas normalmente a sandália era calçada sem meia.
Quando uma visita chegava a uma casa, havia um escravo incumbido de remover-lhe as sandálias dos pés. Às vezes esse serviço era executado por um membro da família que fosse de condição inferior, ou então alguém se rebaixava para assumir essa função. João Batista declarou, certa vez, que não era digno de desatar as sandálias de Jesus (Jo 1.27). Dessa maneira, ele afirmava que era bem inferior a um escravo.
Os sapatos eram semelhantes às nossas botas de cano médio. Eram feitos de um couro macio, geralmente de camelo, chacal ou de hiena. É provável que as pessoas usassem sapatos nos dias frios e chuvosos, e sandálias, quando fazia tempo bom.
Alguns sapatos eram guarnecidos de tachas grandes no solado. Eram calçados bem fabricados, para serem usados em viagens longas, e talvez fossem parecidos com as botas de hoje, embora não tão bem acabadas quanto as modernas. Ao que parece, a principal utilidade desse tipo de bota eram as longas jornadas, e, por causa disso, era proibido calçá-las em dia de sábado. Supunha-se que se alguém calçasse a bota poderia ser tentado a caminhar mais do que lhe era permitido no sabá.
Tanto as sandálias como os sapatos são largamente mencionados na Bíblia. Em festas sagradas, as pessoas tinham que tirar os sapatos, o mesmo acontecendo quando entravam num lugar santo, como o santuário ou o templo (Êx 3.5; At 7.33). Houve também a ocasião em que certo homem, para confirmar a sua intenção de fechar um trato com Boaz, tirou seu sapato e o deu ao outro (Rt 4.7-8). O profeta Amós fala que o povo de Deus tinha se tornado tão corrupto que os juízes aceitavam suborno até de um simples par de sandálias para julgar uma causa em prejuízo de um pobre (2:6).
Quando Jesus enviou os setenta a pregar, disse-lhes que não le¬vassem muitos pertences, já que teriam de deslocar-se com agilidade. Carregar um par de sapatos a mais, só serviria para estorvá-los (Mt 10.10; Lc 10.4). Bastavam-lhes aqueles com que estavam calçados.
O uso de sandálias, naturalmente, trouxe consigo a prática do lava-pés. Abraão ofereceu a prestação desse serviço a Deus, quando este apareceu em sua tenda (Gn 18.4). E esse ato parece ter um duplo sentido em toda a Bíblia. Em primeiro lugar, lavavam-se os pés de uma pessoa que chegava à casa de outrem como sinal de hospitalidade e um gesto de cortesia, já que era a melhor coisa que se poderia fazer a uma pessoa que estivesse com os pés sujos e doloridos. Mas, em alguns casos, o ato de lavar pés não teve nada que ver com cuidados físicos; era mais um gesto de respeito e reverência.
No caso da mulher que lavou os pés de Jesus na casa do fariseu, por exemplo, parece que seu principal objetivo era prestar uma homenagem ao Senhor (Lc 7.38). Quando Abigail se dispõe a fazer o mesmo por Davi (1 Sm 25.41), talvez seu gesto visasse ambas as finalidades, o mesmo se dando com as viúvas da igreja primitiva que lavavam os pés dos santos (1 Tm 5.10). E quando Jesus lavou os pés dos discípulos, estava dando uma lição de humildade e respeito, embora eles de fato estivessem com os pés sujos (Jo 13.4-10).

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